ESCOLA VIVA

Atelierista da linguagem: do que se trata esse trabalho?

               

por Carol Mennocchi - Coordenadora do Projeto Bibliotecas - e Tatiana Garrido - Atelierista da Linguagem da Escola Viva

É comum as pessoas pararem os ou as atelieristas da linguagem para saber: “O que vocês fazem?”, “O que quer dizer esse nome?”, “Por que não chamam de mediadores de leitura ou contadores de histórias?”, “Qual o motivo da escolha da palavra linguagem para compor com a palavra atelierista?”

Comecemos desdobrando o conceito de “atelierista”, cunhado por Loris Malaguzzi. Segundo o autor, é um fazer pedagógico pautado nas expressões artísticas e no qual as sensibilidades, a racionalidade e a imaginação atuam em “rizomas”, entrelaçando e multiplicando as dimensões estéticas.

Destinar pessoas para essa função na biblioteca é desejar que o espaço esteja em estado de atelier. É habitá-lo com pesquisa, experimentos, criatividade, expressão e com tudo que pode abranger a Arte.

Agora vamos à “linguagem”, essa pele que nos reveste e que permite a partilha entre o dentro e o fora. Em um diálogo com as muitas linguagens que existem, a proposta de aproximação maior do(a) atelierista da linguagem é com a que recorre à palavra. Palavra esta que tem vozes e inúmeros jeitos de dizer.

O que falamos, contamos, silenciamos, ouvimos é aparato de sensação do mundo. Pela linguagem da palavra, a imensidão e o detalhe apresentam-se dotados de sentido. Por ela e pelos seus timbres de afeto, o mundo é inaugurado, presenciado e dado a continuar...

“abrir um livro é um gesto que continua o mundo, que o transmite, que o faz perdurar.” (Carlos Skliar)

Juntando “atelierista” com “linguagem”, esses(as) educadores(as) precisam ter grande aproximação com a arte e carregar consigo o livro, nosso grande protagonista. Livro para compor, criar e atuar na vitalidade dos processos de aprendizagem que correm pelos espaços, comunidade, grupos, crianças e jovens. Uma combinação de disparar devaneios, criação e o pensamento em camadas. Enquanto se lê um livro e se compartilha essa leitura, temáticas vão se desdobrando, como se um mapa conceitual fosse desenhando-se em nós.

Para assim ser, importante é ter ouvidos largos. Escutar o que de fato é dito (ou não) pelo outro, sem indução, sem intenção de resposta, sem precisar chegar a um determinado lugar ou concluir percepções sobre a leitura. O que se quer é sustentar a pergunta, a vontade de descobrir. São as crianças e os jovens que mostram onde seus olhares repousam e, a partir desse interesse genuíno e do repertório do(a) Atelierista da linguagem, torna-se possível compor um projeto literário significativo.

Na contemporaneidade, estar aqui, agora, e completar narrativas parece desafiador. O(a) Atelierista da linguagem ajuda a se ver com o tempo, talvez no plural, afinal o gesto da leitura exige a preciosidade da lentidão. Em encontro com palavras vindas da época dos nossos avós, palavras atuais, palavras horizonte, palavras chegando de longe ou que escapolem cotidianamente das nossas bocas, dá-se atenção às experiências e ao ritmo que elas têm. Existe um desaceleramento na proposta deste trabalho.

Precisamente, os(as) Atelieristas da linguagem atuam na formação de leitores literários. Para isso, precisam dedicar-se à construção de um repertório vivo e diverso, que dê conta de espalhar-se pela comunidade toda. Sabem dos livros que chegam frescos até aqueles mais amarelados.

O(a) Atelierista da linguagem depara-se, cotidianamente, com aventuras, com contos de aterrorizar, com histórias que todos conhecem, com livros que conversam sobre questões existenciais e, em parceria com músicos, artistas visuais, arquitetos, artesãos, cozinheiros, dançantes e jardineiros da nossa comunidade, tece bordados literários, traçando caminhos entre a alma dos textos e a alma dos leitores e leitoras.

O trabalho de atelierista da linguagem habita um continente pulsante, as nossas Bibliotecas Viva.

Em seus encontros, há de caber conversa, brincadeira, descanso, afeto, pausas, gestos, emoção, incômodos, batimentos… poesia, já que se trata de um espaço em busca de infinitudes.

Seu fazer, assim como a literatura, é risco, pulso, incerteza. É constante fluxo. É como diria Guimarães Rosa: “Rio abaixo, rio a fora, rio a dentro - o rio.”


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