ESCOLA VIVA

As sutis diferenças por trás do uniforme verde 

por Gabriela Lian - Integrante do Comitê de Cultura Inclusiva

Isadora é uma menina que chega à escola de verde e corre para se juntar aos seus.

Quem diz bom dia não escuta uma resposta. É que ela não fala. Não como todo mundo... Mas todo mundo entende quando ela puxa a mão de alguém em direção à prateleira onde fica a caixa com massinhas. Ou quando ela corre para o refeitório antes do intervalo. Logo ganha um pão de queijo.

Uma menina diferente, tão única como qualquer  criança da turma.

O uniforme pode nos dar a falsa sensação de uniformidade. A mesma cor pode trazer a impressão de igualdade, alguma comum identidade, a ideia de coletividade. E tudo que faz parecer igual termina aí. Nem a etiqueta com nome para marcar a mesa de cada aluno ou aluna segue um padrão. Isadora tem uma foto para que possa identificar seu lugar. Na hora do lanche, a mesma refeição enfrenta apetite ou rejeição diante de preferências pessoais. Tem criança que não come nada ou que não gosta de fruta ou que dispensa o bolo de fubá. E pra todas elas tem uma Isadora disposta a raspar o prato.

O autismo  de Isadora traz, sim, dificuldades - ou habilidades! -  que marcam um jeito peculiar de lidar com cada detalhe da vida, embora talvez isso não tenha relação direta com o diagnóstico em si.

Em um dia de piscina dos coleguinhas em casa, a criança que monopolizou o olhar dos adultos presentes era a que ainda não sabia nadar. A única! E não era Isadora... E nesse mesmo contexto de individualidades que se destacam do grupo, não tem como não pensar no garoto carente da presença da mãe em uma festinha escolar, ou na criança que tem medo de qualquer atividade fora da zona de conforto; na menina enciumada das liberdades concedidas à autista do grupo ou naquele pequeno ser com cara de anjo que diariamente faz intriga e bullying, mesmo sem saber ainda o que é. Nada disso tem a ver com deficiência.

O fato é que pessoas são diferentes, complexas e se desenvolvem de acordo com uma série de questões que transcendem qualquer rótulo. E todas elas precisam da nossa sensibilidade para que possam atingir seu melhor potencial. Se a escola não olhar devidamente para as diferenças evidentes da Isadora, dificilmente prestará atenção nas diferenças sutis de todos os outros e outras.

Por isso, o posicionamento de uma escola sobre inclusão não pode interessar apenas a quem tem um filho ou filha com deficiência. Isso pode determinar a forma como qualquer criança é recebida, acolhida e conduzida durante toda sua jornada escolar.

A UNESCO, no relatório de monitoramento global da educação de 2020, defende que tornar a educação mais inclusiva não é algo negociável - é a nossa única opção para uma educação eficaz para todos. E destaca: “todos, sem exceção”.  

Outro dia, perdemos, no meio do semestre, um aluno com altas habilidades que não vinha se sentindo compreendido. Dizem que foi chamado de arrogante e aí acabou mudando de escola. Fracassamos todos quando isso acontece.

A verdade é que acertamos e erramos nas insistentes tentativas diárias de fazer o que achamos ser o melhor. Mas o silêncio ou a indiferença diante de algo assim nunca vai ser o melhor, ainda que não haja consenso sobre o que fazer, como fazer.

Não dá pra esperar que aconteça de novo, que aconteça comigo... Não é justo precisar que uma criança quebre a perna para a gente se dar conta que a sala de aula não é acessível.

Não é possível aceitar que a brincadeira continue enquanto tem alguém fora da roda.

Da mesma forma que não é legal fazer uma festa e pensar em diversão para apenas uma parte ou oferecer um jantar que alguém não possa comer. É quase o mesmo que convidar desconvidando.

Aliás, convidar não basta: é preciso tirar pra dançar!

Apesar de sabermos que as expectativas em relação à escola são muito particulares de cada família, é indiscutível que algo muito mais forte nos une quando nos deparamos com a difícil missão de educar uma criança, formar um ser humano, ensinar uma geração que vai comandar o mundo quando não estivermos mais aqui.

Então vestimos o uniforme que mais representa a nossa comunidade escolar, que mais nos aproxima uns dos outros, para defender ensinamentos relacionados a valores primordiais para nossa sociedade, que vão muito além de conceitos ou teorias ou fórmulas cobradas lá na frente no vestibular. Tem a ver com gente e pode nem estar nos livros.

Queremos que os nossos filhos e filhas saibam lidar com pessoas!

E isso significa reconhecer, respeitar e abraçar as diferenças, sejam elas sutis ou não.


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