Os grafites são como tatuagens na pele da cidade

Por Manoella Rotelli

Professora Atelierista do 2º ano

 

Começamos o ano com um desafio e tanto: as aulas ainda seriam todas realizadas à distância. Essa ferramenta apresenta muitas possibilidades, mas algo não estava ali, isso era inegável. 

A imagem mostra pessoas sentadas na grama. Ao redor espalhados material de arte e tecidos.

Podíamos nos ver - aos pedaços - podíamos nos ouvir, mas muito não podíamos. Uma parte importante do encontro ficava de fora, as vozes todas juntas, o toque, os perfumes e cheiros. O acesso aos materiais, parte fundamental da pesquisa artística, também era muito restrito. 

Era um novo modelo de trabalho, com muito menos espaço para o imprevisível e o inusitado, componentes fundamentais da arte-educação...  

Como fazer transbordar? 

Como fazer reverberar? 

Como fazer a reflexão percorrer o corpo? 

Foi preciso inventar novos caminhos. 

Hoje trago um desses percursos: o percurso trilhado com o 2o ano C. 

E este é o relato dessa viagem.

São Paulo, primeiro semestre de 2021, 

Todos em aulas virtuais, nos encontros de arte discutimos e criamos em torno de vários assuntos, mas, por alguma razão, ainda não evidente naquele momento, o graffitti pareceu capturar a atenção da turma.

A Arte urbana virou o grande tema, talvez fosse a vontade de olhar para fora, a saudade das ruas; do lugar onde o encontro é possível, do lado bonito da vida na cidade grande.... 

Uma modalidade da arte que surge da circulação pelo lugar público, pelos lugares que nos são comuns; que surge do olhar que interroga o concreto, o muro, a ponte; o olhar que transforma, que dá novos significados para os espaços que pareciam desconhecidos ou conhecidos demais...

Mas o que é uma cidade sem pessoas? 

O que é um graffitti em em uma cidade vazia? 

Uma garrafa e sua mensagem, lançadas ao mar, carregam sempre a esperança de alguém que as resgate... 

Era o auge da pandemia: os museus estavam fechados, não tínhamos galerias, não podíamos nos encontrar nas festas, a certa altura nem os parques podiam nos receber.

Em um movimento espontâneo e inesperado, nossos estudantes e suas famílias então passaram a visitar graffittis, eles ainda estavam lá. 

A cada semana que passava, uma nova pintura era descoberta na cidade. 

Para além das cores e formas que primeiro nos impressionaram, passamos a identificar questionamentos e estilos que se repetiam. 

A arte urbana raramente é anônima, há autores por trás dos traços, mesmo quando se tratam de pseudônimos. 

A arte urbana questiona, é uma arte fundamentalmente política, que diz respeito à vida na pólis. 

Temas e grafiteiros passaram a ser o novo foco da pesquisa. 

Nada mais apropriado diante de uma pandemia que assolava a todos: E que importante foi esse tema em plena pandemia! Eduardo Srur, artista paulistano, deixava o recado sob suas boias salva-vidas: "a arte salva"

A arte levou esse grupo para fora das telas, para fora das suas caixas, para fora de casa. E que interessante a cidade ficou novamente. 

Ainda não tínhamos os parques, ainda não tínhamos os encontros, ainda não tínhamos as festas, mas não estávamos sozinhos! Kobra, Zezão, Os gêmeos, Tito Ferrara, Speto, entre outros, passaram a nos acompanhar de perto.

Em uma das aulas, preparamos uma surpresa, eu e o professor Júlio fomos até a praça Adolpho Bloch, que faz parte de um circuito de democratização da arte e, de lá, demos nossa aula virtual. 

Ainda à distância, mas voltando a circular, fizemos um tour guiado com os alunos e alunas pela praça e mostramos as obras expostas em local público e aberto. 

No segundo semestre, quando pudemos retornar ao ensino presencial na Escola Viva, a pesquisa continuou cheia de entusiasmo, e agora com um repertório mais extenso. 

Surgiu, então, a vontade de ocupar um local público com nossa aula, o desejo de experimentar estar em local aberto novamente. 

Nesses lugares onde os encontros acontecem inusitadamente. Pudemos então perceber que nem tudo cabe na tela de um computador. 

Chegamos à praça, e o encontro foi bonito! 

A imagem mostra uma roda de pessoas sentadas na grama.

Teve cor, teve cheiro, teve gosto, teve dança, teve riso, teve arte.  Ali estavam os outros. Tivemos um encontro circular, não era a vida quadriculada. Teve roda e teve troca. Recebemos da praça uma grande tarde! E por lá deixamos nossas marcas! 

Oferecemos desenhos para quem passava, doamos camisetas pintadas, espalhamos sorrisos e conhecemos as pessoas que frequentam aquele lugar. 

A imagem mostra um varal onde estão penduradas obras de arte.

Um lugar que é nosso, que deve ser de todos, que é da cidade. 

Esta cidade que agora, bem aos poucos e com muito cuidado, está voltando a nos ter circulando por ela.

Veja aqui o vídeo que reúne alguns desses momentos muito especiais:

 

 

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