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O estudo do tema na proposta pedagógica

Escrito por Escola Viva | 20 de Julho de 2021

por Violeta Lopez Annunziato e João Pedro Girardelli (Dido) - Grupo Laranja

O estudo do tema na proposta pedagógica é uma estratégia que garante que o grupo estabeleça uma forte ligação com o projeto.

A borboleta laranja que nasceu no Grupo Laranja.

O estudo do tema 

A história da borboleta laranja que nasceu no Grupo Laranja - crianças de 3 a 4 anos de idade - Educação Infantil da Escola Viva - começou com o interesse das crianças pelo livro “Macaco Danado”. Daí, nasceram o tema, as perguntas, o casulo, os olhares curiosos… e a nossa borboleta.

Dessa forma, o processo ensino aprendizagem acontece de uma forma lúdica e divertida. A curiosidade é o fundamento da proposta construtivista.

Ilustração livro Macaco Danado - Editora Brinque Book.

A história da borboleta laranja nasce da curiosidade

A partir do interesse das crianças pelo livro Macaco Danado” (Editora Brinque Book), principalmente pela personagem da borboleta, a leitura dessa história passou a ser mais requisitada pelo grupo. Então, a curiosidade das crianças pelo tema tomou caminhos deliciosos. 

Durante as leituras, destacamos o fato de a borboleta ter lagartas como filhotes e também o fato de as lagartas serem diferentes das borboletas. A partir daí, foi despertada a curiosidade das crianças para saber mais sobre as lagartas, borboletas, casulos…

Resumidamente, Vygotsky atestava que a aprendizagem é uma atividade social mais eficaz quando há colaboração e intercâmbio.

O tema também complementava a exploração do Grupo Laranja no Quintal da Escola. E quanta coisa há para ser descoberta no Quintal da Escola Viva.

Leia mais sobre isso no blog da Escola Viva - Escola é lugar de brincar!

Estávamos fazendo um ‘trabalho’ de observar e listar tudo o que víamos em cada um dos nossos quintais. Com uma lupa e um olhar aguçado de observador, vasculhamos o Bosque e o Quintal do Marreco.

Foi uma ótima oportunidade para trabalharmos o olhar para o meio ambiente em que estamos inseridos. Abordamos esse assunto em Sustentabilidade na Educação Infantil, por quê?

Observações com lupa no quintal.

Como nasce o estudo do tema 

Desde o início do ano, o tema foi incentivado e debatido pelo grupo. As nossas rodas de conversa são um campo fértil para a imaginação e a curiosidade. Nelas, diariamente, as crianças têm acesso ao conhecimento, refletem e chegam a conclusões. São momentos preciosos para conversas, leituras e ateliers. O grupo conversou muito e levantou inúmeras perguntas e hipóteses sobre o processo que transforma a lagarta em borboleta.

Quais as características da lagarta?

Qual é o seu habitat?

Qual a relação que ela estabelece com o seu entorno?

Quais são as mudanças que podemos ver?

Os livros entram na roda

Pesquisas e livros científicos entraram na nossa roda. E quanto sucesso eles fizeram. 

Pesquisa sobre as lagartas e as borboletas.

O meio ambiente é sempre um assunto interessante e importante, tanto nos livros quanto fora deles. Não perdemos a oportunidade de abordar e valorizar, trazendo a teoria para a nossa realidade.

As perguntas lançadas desafiaram nossos pequenos cientistas:

Como podemos cuidar da nossa lagarta?

Do que ela precisa para se transformar em uma linda borboleta?

Leia no blog da Escola Viva - Projeto da Implantação Bibliotecas Escola Viva

A BNCC no estudo na proposta pedagógica

A BNCC (Base Nacional Comum Curricular) define os campos de experiências que devem ser trabalhados nos grupos de cada faixa etária. Nos Grupos Laranjas - crianças de 3 a 4 anos de idade - o estudo das Lagartas e Borboletas possibilitou o trabalho em vários dos campos:

  • O eu, o outro e o nós 
  • Corpo, gestos e movimentos 
  • Traços, sons, cores e formas 
  • Escuta, fala, pensamento e imaginação 
  • Espaços, tempo, quantidades, relações e transformações 

Utilizando a Base Nacional Comum Curricular como nosso norteador, estabelecemos os campos de experiência e, a partir do tema (A Lagarta e a Borboleta), trabalhamos esses conceitos, possibilitando vivências, atividades, criações, experiências…

Como o construtivismo acontece na prática?

Vamos descrever aqui algumas atividades que ajudaram a possibilitar este trabalho para demonstrar como, na prática, a teoria acontece. Leia também em Como acontece o Construtivismo na prática.

  • O eu, o outro e o nós - utilizamos o faz de conta de lagarta e borboleta, fizemos a lagarta individual e uma linda lagarta coletiva.
  • Corpo, gestos e movimentos - montamos casulos de tecido e promovemos a vivência da vida no casulo. 
  • Traços, sons, cores e formas - desenhamos lagartas, com interferência das imagens, dos casulos e borboletas e construímos um mural e lagartas. Ampliamos o repertório musical, aprendendo as músicas A borboleta e a lagarta” (Palavra Cantada) e “Borboleta” (Marisa Monte).
  • Espaços, tempo, quantidades, relações e transformações - buscamos pela lagarta no nosso quintal. Confeccionamos o habitat da lagarta e exercitamos os cuidados diários (colocar folhas e algodão com água). Observamos a lagarta até o surgimento da borboleta. 

Pintura e colagem sobre o tema.

A reunião com as famílias

Regularmente, nos reunimos, individualmente e em grupo, com as famílias, para contar e mostrar a produção das crianças na Escola. O trabalho de sala de aula é registrado e apresentado em infográficos e fotos para que todos possam participar, também em casa, das pesquisas e conquistas de cada criança. 

Veja abaixo alguns dos infográficos apresentados na nossa reunião com as famílias dos Grupos Laranjas.

Leia no blog da Escola Viva - Como as famílias podem colaborar para o processo de alfabetização das crianças em tempos de pandemia.

Registros no estudo do tema 

Diariamente, o grupo se reúne em rodas de conversa. A roda é um momento para acertar os combinados, falar sobre a rotina do dia, resolver conflitos, contar experiências, exercitar relatos, falar dos temas de pesquisa do grupo. Nesses momentos, as conversas e manifestações acontecem espontaneamente. Colocamos as lagartas na roda. As crianças observaram, e logo as primeiras considerações surgiram:

“Parece gelatina, porque é mole”

“Acho que mora embaixo da terra”

“Achei a minha em cima da terra”

“Parece minhoca”

“Parece cobra”

“Ela parece um túnel”

“Ela rasteja”

“A cabeça dela é bem pequenininha”

Um habitat para as nossas lagartas

Depois de observar e saber mais sobre as lagartas nos livros que apresentamos ao grupo, resolvemos fazer um habitat para as nossas lagartas. Diariamente, cuidamos delas, levando folhas de maracujá frescas e algodão com água. Observamos como elas comiam e como se mexiam. O grupo estabeleceu uma forte ligação com o projeto e envolveu-se diariamente com essa nova tarefa na nossa rotina. 

Habitat organizado para o estudo do tema.

Linguagens expressivas 

São diversas as linguagens expressivas que utilizamos para registrar e expressar o que estamos conhecendo e vivenciando.

Fizemos uma lagarta individual com papel. Cada criança escolheu as cores e colocou os olhos na sua lagarta. 

Produção de lagarta individual.

Construímos um grande mural, com uma árvores, onde as lagartas foram morar. Cada um escolheu o lugar onde moraria a sua lagarta. Todo o mural foi confeccionado com a colaboração das crianças do grupo.

Mural construído em conjunto.

Do grupo, também nasceu uma lagarta coletiva. Exercitando a experiência de trabalhar em conjunto. Construir, pintar, colar e desenhar. Depois, o grupo batizou a lagarta com o nome de “Astrazeneca”, e para ela morar, escolheu o espaço do coelho, lugar muito querido pelas crianças.

Produção da lagarta coletiva.

Leia no blog da Escola Viva - A arte na Educação Infantil – Onde tudo começa? Criatividade, expressão e compreensão.

Observação e experiência 

Curiosos, nossos pequenos cientistas acompanharam diariamente a formação do casulo, à espera por alguma mudança. Compartilhamos a ansiedade e preocupação com os casulos ficarem muito tempo sem apresentar alteração alguma. Exercitamos a paciência e a espera, tão importantes na natureza. 

Observação do habitat construído para o estudo. 

Assistimos a um vídeo, conhecemos imagens de casulos e também ouvimos muitas histórias. 

Crianças assistindo ao vídeo sobre as borboletas. 

Construímos um ‘casulo’ de tecido que foi pendurado em uma das nossas árvores no quintal. E, com ele, pudemos viver, no nosso corpo, a experiência de ficar em um casulo, encolhido e quietinho. Utilizamos também tecidos tubulares individuais para proporcionar às crianças a vivência do casulo.

Foi muito importante trazer para o corpo essa informação, trazer para o concreto esse conhecimento. 

A experiência da vida no casulo.

Afinal, em um dia de sol, nos surpreendemos com a chegada da nossa borboleta, laranja e linda!

Foi um momento muito emocionante para todo o grupo.

A chegada da borboleta.

Nasce a borboleta laranja do Grupo Laranja

O grupo escolheu o lugar do coelho para ela voar. O momento foi oportuno para lançarmos a pergunta:

“Como ela sai do casulo?”.

Logo, as crianças surgiram com várias ideias:

“Vem um meteoro! E ela quebra o casulo!”

“Ela faz força, força, força e sai do casulo”

“Ela tinha um defeito…Aí, quando ela foi descer, ela escorregou e caiu no chão da caixa!”

Ao longo dos dias, acompanhamos muitas borboletas. 

Criança do Grupo Laranja com uma borboleta.

O grupo espera novos voos

Atualmente, o grupo observa um novo casulo. Em breve, novas borboletas.

E, nós, observamos, atentos, essa nova experiência. 

Dessa forma, dia a dia, o trabalho com o tema é construído. Na sala de aula, no quintal, em casa com as famílias… Produto de curiosidade, observação, cuidado, experiência e vivência.

Veja abaixo um vídeo com mais imagens do projeto

 

 

 

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E leia mais no blog da Escola Viva:

Escola na primeira infância: qual a influência em seu desenvolvimento?

Como é a alfabetização no ambiente escolar?

Reviva Rede Solidária - Responsabilidade social na Escola Viva

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